sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O dia em que fui "xingado" de pobre no trânsito

(Ontem) Eu não esperava por isso. Na verdade, não sei. Nunca pensei nisso.
Você pode esperar muitas coisas do seu dia quando acorda, mas não que irão abaixar o vidro do carro e vomitar "seu pobre". Eu não esperava.

Refletindo um pouco, talvez seja para não estar com esse tipo de gente que há muito tempo comecei a remar na contramão do fluxo. Acabei gostando de coisas e frequentando lugares que aqueles certos tipos de gente não gostam e não frequentam. Mas as ruas são democráticas. É um bem comum. Não há discriminação. Ali você estará com todos os tipos de pessoas. É aí que a coisa desanda.

briga trânsito

Vamos aos fatos.
Antes, se você não dá pisca ao mudar de faixa, há grandes chances de eu não gostar de você. Continuando. Estava eu com o Ford Fiesta desfrutando da cidade com sua grande área envidraçada e sem película nos vidros quando um Ford New Fusion entrou abruptamente na faixa de rolamento em que eu estava, sem dar pisca, forçando-me a frear fortemente. Obviamente que buzinei. Com gosto. Só que o certo alguém, condutor do New Fusion, aparentemente não gostou, se insultou e emparelhou ao lado do meu carro, abaixando o vidro do lado do passageiro. Atônito, abaixei o meu e perguntei:  qual o problema? A resposta, em tom de "carteirada" foi: Você é pobre!
Ele tomou o meu espaço e cometeu uma infração (art. 196 CTB). Ao ser questionado veio impor-se dando uma carteirada.

Esse é o retrato da sociedade brasileira, em preto e branco, porque a coisa vem de longe. São os bandeirantes diante dos indígenas, são os coronéis usurpando os escravos africanos, brancos preconceituando negros, ricos esmagando pobres. Como se o seu oposto não tivesse caráter, virtudes ou uma alma simplesmente por ser diferente. Como se o motorista de um carro fabricado há 21 anos valesse menos do que um de carro novo.

Aquele dia eu estava com duas opções para ir ao trabalho: Ford Fiesta e Honda CR-V. Preferi ir de Ford Fiesta. É um hobby, uma paixão. Amanhã pode ser que eu prefira ir de Fiat 147, Ford Corcel ou Kia Clarus. Desde que me tornei suficientemente homem não me prendo a rótulos impostos pela sociedade. Faço o que me dá prazer. Pensem o que quiserem de mim, só não me digam que sou desonesto, traíra ou vagabundo. Talvez eu sinta mais prazer dirigindo os meus carrinhos do que outros dirigindo carros 50 vezes mais caros, mas que não ligam para automóveis.

Quiça eu pudesse ter dinheiro suficiente para bancar um Audi Quattro, Fiat 128, Renault 5 ou Alfa Romeo GTV 2000. Minha linha é essa, gosto de carros antigos. Com mais dinheiro eu iria ter carros mais legais e.... antigos também. Não posso dizer que nenhum carro novo me atrai. Dos carros atuais, por exemplo, eu acho o Mini Cooper Cabrio deslumbrante.
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Em meus gostos que destoam o senso comum figura o reggae music. Ir a um show é um programa que amo. Os shows custam em média R$ 30,00 e é diversão pura. Vou com minha esposa, assisto ao show e saio com o espírito renovado. As músicas trazem mensagens de amor e paz. São ambientes em que existem muito respeito ao próximo, poucos esbarrões e quase ninguém olhando para você. Cada um na sua. Lugar democrático, que certos alguéns não frequentam.